Até há bem pouco tempo, o ensino profissional era olhado com alguma desconfiança por haver quem acreditasse que não se ensinava de forma rigorosa e que não se almejava a excelência. Mas, o que a sociedade portuguesa tem vindo a descobrir é precisamente o contrário.
No passado mês de outubro, entre os dias 14 e 18, a Presidência finlandesa acolheu a Semana Europeia da Educação e da Formação Profissional, European Vocational Skills Week 2019, que este ano teve como mote “Descobre o teu Talento” #DiscoverYourTalent, através da educação e da formação profissional.
As primeiras quarenta escolas profissionais surgiram em Portugal em 1989, através da assinatura de contratos-programa entre as entidades titulares das escolas e o Ministério da Educação. Ao longo destes trinta anos foram sendo fundadas escolas por todo o país e hoje encontramos projetos educativos espalhados por Portugal continental e pelas Regiões Autónomas que visam, desde a sua génese, dar resposta a um conjunto de desafios que se prendem com a aquisição de competências e com um olhar diferente acerca de ensinar e de aprender.
Até há bem pouco tempo, o ensino profissional era olhado com alguma desconfiança por haver quem acreditasse que não se ensinava de forma rigorosa e que não se almejava a excelência. Mas, o que a sociedade portuguesa tem vindo a descobrir é precisamente o contrário. A inovação e a criatividade fazem parte do dia a dia do ensino profissional onde o estudante é o protagonista da aprendizagem desde o primeiro ao último dia e onde a estreita cooperação com o tecido profissional faz com que haja uma política de estágios tão intensa que a aprendizagem em contexto real de trabalho acontece a par do trabalho em sala de aula. Mas, para além de tudo isto, o ensino por projeto, os manuais escolares elaborados pelos respetivos professores, a avaliação contínua, as PAP – Provas de Aptidão Profissional, a existência de um orientador educativo, entre outras especificidades, são, na atualidade, imagem de marca do ensino profissional, o que contribuiu de forma decisiva para o aumento da notoriedade e para o crescimento do número de estudantes que o escolhem para concluir o seu percurso educativo antes de ingressarem no mercado de trabalho ou, ao invés, prosseguirem estudos no ensino superior.
É por tudo isto que a Comissão Europeia promoveu a Semana Europeia da Educação e da Formação Profissional, evidenciando que a passagem por esta tipologia de ensino é determinante para as competências que se adquirem tanto do ponto de vista das “soft skills” como das “hard skills”, que se perpetuam ao longo da carreira e, concomitantemente, ao longo da vida ativa. Outras das consequências evidenciadas é o facto de as remunerações dos diplomados do ensino profissional serem 25% acima da média dos diplomados com o ensino científico-humanístico(1). Ao longo dos últimos anos tem havido um enorme esforço por parte de todos os envolvidos no ensino profissional para mudar a perceção da generalidade das pessoas e criar a convicção de que os projetos educativos das escolas profissionais também visam a excelência e que o futuro também se constrói através do ensino profissional e da formação profissional.
Simultaneamente, a Comissão Europeia pretendeu valorizar a formação profissional destacando as empresas que mais apostam nos seus trabalhadores através de programas de valorização do capital humano.
Fui nomeada embaixadora da Semana Europeia da Educação e da Formação Profissional por Portugal e, juntamente com os meus colegas dos restantes Estados-membros da União Europeia, estive em Helsínquia a dar voz ao que se fez em Portugal ao longo dos últimos doze meses.
A par do conhecimento, também o trabalho digno tem a ganhar com mais e melhor educação e formação profissional!
(1)https://ec.europa.eu/social/vocational-skills-week/news_en
Dra. Teresa Do Rosário Damásio, Administradora do Grupo ENSINUS, Embaixadora Portuguesa para a Semana da Educação e da Formação Profissional, para o Jornal de Negócios